domingo, 7 de junho de 2015

Terapia de Reposição Hormonal Alternativa

A terapia de reposição hormonal que vimos até agora se restringia à medicamentosa. Esta possui uma série efeitos colaterais sobre o individuo. A terapia de reposição hormonal que discutiremos hoje se baseia na produção de hormônios por vias naturais.

Muitas mulheres, motivadas pelos efeitos colaterais provocados pelo uso da TRH com uso de medicamentos sintéticos, optam para uma reposição hormonal natural, isto é, através da alimentação ou de seus substratos obtidos de vegetais.  Os hormônios bioidênticos são substâncias com estrutura molecular tridimensional, igual a dos hormônios humanos produzidos pelo nosso organismo, porém estes são produzidos através da engenharia genética recombinante.

Estes hormônios surgiram há mais de 20 anos, através da extração e a manipulação de fitohormônios contidos em vegetais. Assim, partindo do principio que nosso organismo tende a aceitar melhor as substâncias iguais as que produzimos naturalmente, o uso de hormônios bioidênticos nunca estiveram relacionados ao aparecimento do câncer nem de tromboses.

A TRH alternativa vem sendo amplamente discutida e divulgada, pois somente nos Estados Unidos a TRH tradicional teve redução de 91 milhões em 2001 para 57 milhões em 2003, número este que continua em franca diminuição devido ao estudo publicado pela Women’s Health Initiative (WHI) em 2002. No Brasil um estudo realizado por ginecologistas mostram que houve uma redução de 25,2% nas indicação de hormônios sintéticos, e que aproximadamente 46% dos ginecologistas começaram a prescrever a isoflavona, tranqüilizantes e outras medicações naturais para o combate aos sintomas da menopausa.

Com base nestes fatos muitos estudos foram intensificados para a averiguação científica do efeito de uma alimentação balanceada e do uso de concentrados dos fitoestrogênios contra os efeitos da menopausa.

Neste sentido é preciso destacar que a utilização de uma reposição hormonal por meios alternativos e naturais não se trata de negar os efeitos benéficos que os medicamentos sintéticos trazem. Pois, como a TRH é um meio para repor ao organismo uma deficiência hormonal que acontece naturalmente na menopausa, assim torna-se natural buscar na natureza algo que compense esta perda natural do organismo.

Assim, as que optam por uma reposição hormonal natural fazem uso de alimentos fitoterápicos conhecidos como fitohormônios. Os fitohormônios são encontrados em diversas plantas (folhas, frutos, raízes e sementes), como: cimicífuga racemosa, o yam mexicano, o alcaçuz, a linhaça, o trevo vermelho, mas a fonte mais conhecida é a soja.

domingo, 31 de maio de 2015

A Terapia de Reposição Hormonal e o Câncer

CÂNCER

O câncer é um dos problemas de saúde pública mais complicados, devido abranger problemas epidemiológicos, sociais e econômicos. Mas, sabe-se que um terço dos casos de câncer poderiam ser prevenidos. 
Pode definir o câncer  a um conjunto de mais de 100 doenças, que têm em comum o crescimento desordenado de células, que através de metástases pode invadir outros tecidos. Certas características permitem caracterizar se um determinado tumor é um câncer: 
  • Formado por células anaplásicas;
  • Crescimento rápido;
  •  Localmente invasivo; 
  • Infiltra tecidos adjacentes;
  • Metástase frequentemente presente.

A pergunta essencial é se é possível prevenir o câncer? E de acordo com a Organização Mundial de Saúde 40% dos cânceres poderiam ser evitados. Tal prevenção está relacionada a estilo de vida e combate a agentes cancerígenos. Na imagem abaixo se observa que muitas das causas do câncer está ligada aos dois mecanismos já citados: 


TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL E CÂNCER
CÂNCER DO ENDOMÉTRIO
O endométrio é um tecido que reveste a parede interna do útero. O câncer do endométrio é muito comum em mulheres após os 60 anos, apenas 5% possuem menos de 40 anos. Um dos principais fatores de risco é o elevado aumento dos níveis de estrogênio e o baixo de progesterona, já que este protege o endométrio de crescimento anormal. Assim, a Terapia de reposição hormonal (TRH) é um fator de risco. 
De acordo com THE WRITING GROUP FOR THE PEPI TRIAL a TRH aumenta o risco em 2 a 3 vezes das usuárias terem câncer de endométrio. Já segundo HULLEY e colbs se o uso for por 10 anos o risco aumenta para 8 a 10 vezes maior quem em usuárias que não usam a TRH. 

CÂNCER DE MAMA
É o segundo câncer mais comum no mundo, afeta mais as mulheres. O envelhecimento é o principal fator de risco. Outros fatores são: 
  • menarca precoce;
  • não ter tido filhos;
  • idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos;
  • uso de anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal. 
Novamente se observa a TRH como fator de risco. STEINBERG e cols concluíram que até 5 anos do uso de TRH não havia aumento na chance de risco de câncer de mama, mas após 15 anos de uso o risco era 30% maior. Já um estudo da MILLION WOMEN STUDY COLLABORATORS conclui que  66% de chance a mais de desenvolver câncer de mama. Além que o uso combinado de estrógeno e progesterona aumenta o risco em 2 vezes. O estudo também concluiu que a forma de administração da TRH contribui para um maior risco de se ter câncer de mama, se a via for por: 

  • implantes isolados aumentam o  risco em 65%
  • vias oral (32%);
  • transdérmica (24%). 

  • CÂNCER DE OVÁRIO
    Usuárias de TRH apresentaram risco 50% maior de morte por essa neoplasia quando comparadas a não-usuárias. 

    Frente a esses resultados, recomenda-se o uso da TRH por no máximo 5 anos. 


    REFERÊNCIA
    THE WRITING GROUP FOR THE PEPI TRIAL. Effects of Estrogen or Estrogen/Progestin
    Regimens on Heart Disease Risk Factors in Postmenopausal Women. The
    Postmenopausal Estrogen/Progestin Interventions (PEPI) Trial. JAMA, Chicago,
    v. 273, p. 199-208, 1995.
    HULLEY, S. et. al. Randomized trial of estrogen plus progestin for secondary
    prevention of coronary heart disease in postmenopausal women - HERS Study. 
    STEINBERG, K. K. et. al. A meta-analysis of the effect of estrogen replacement
    therapy on the risk of breast cancer. JAMA, Chicago, v. 265, p. 1985-1989, 1991. 
    MILLION WOMEN STUDY COLLABORATORS. Breast cancer and hormonereplacement therapy in the Million Women Study. Lancet, London

    domingo, 24 de maio de 2015

    TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL (ESTROGÊNIO) E A REDUÇÃO DO RISCO DE CALCIFICAÇÃO DAS ARTÉRIAS CORONÁRIAS.


    Artérias Coronárias

    As artérias coronárias são os primeiros ramos colaterais da artéria aorta, principal vaso eferente do coração, e servem para o suprimento do próprio coração. Normalmente, os seres humanos desenvolvem duas artérias coronárias, uma esquerda e outra direita. Cada artéria é responsável pela irrigação de uma parte do miocárdio, músculo estriado inervado pelo sistema nervoso visceral, cuja função é a contração que promove o bombeamento cardíaco e a distribuição de sangue oxigenado para os tecidos corporais durante a circulação sistêmica.

    Rede vascular do coração. Observe como as artérias coronárias direita e esquerda, através de seus ramos, irrigam territórios determinados do coração. Artérias coronárias esquerda e direita estão destacadas (NETTER, 2007)

    Calcificação de artérias coronárias

    A aterosclerose é a formação de placas de gordura, chamadas de ateromas, na parede das artérias. A doença arterial coronariana  é o processo de aterosclerose que afeta as artérias coronárias. O crescimento progressivo dos ateromas nessas artérias pode levar a um prejuízo do fluxo de sangue até o miocárdio. Este processo é chamado de isquemia miocárdica crônica.
    Deposição de placas de ateroma na parede de uma artéria, o que dificulta ou impede a perfusão dos territórios irrigados por aquela artéria.
    O sofrimento do miocárdio devido ao processo de aterosclerose coronariana é conhecido como cardiopatia isquêmica. Outra complicação grave da aterosclerose é a hemorragia ou rompimento da placa de ateroma, liberando fragmentos que caem na corrente sanguínea, podendo levar a formação de coágulos sobre sua superfície (trombose coronariana). Este "acidente da placa de ateroma" pode obstruir a luz da artéria de uma forma abrupta e intensa. Nesta situação ocorre um prejuízo significativo do fluxo de sangue (isquemia miocárdica aguda), podendo levar a um quadro de angina do peito instável ou infarto do miocárdio, situações potencialmente fatais.
    Cardiopatia isquêmica causada por obstrução das artérias coronárias

    A doença arterial coronariana é a principal causa de morte em todo o mundo, afetando indivíduos de todas as raças. O escore de cálcio  é capaz de avaliar a presença e a gravidade da doença arterial coronariana.

    O Escore de Cálcio

    O Escore de Cálcio quantifica a calcificação das artérias coronárias, sendo um marcador da presença e extensão da  aterosclerose nessas artérias. A avaliação do escore de cálcio acrescenta informações no diagnóstico da doença arterial coronariana, complementando outras informações de fatores de risco clínico, podendo alterar e/ou acrescentar condutas, principalmente em pacientes classificados como risco intermediário pelo escore de Framingham (este escore utiliza variáveis como sexo, idade, tabagismo, pressão arterial sistólica ou máxima, colesterol total e HDL-colesterol, para avaliar o risco de um infarto do miocárdio e morte em 10 anos de acompanhamento).

    Terapia de Reposição de Estrogênio e Doença Coronariana

    Em recente estudo conduzido por Manson et al., foram avaliadas 1.064 mulheres com média etária de 55 anos, com antecedentes de histerectomia e que foram tratadas com estrogênios por 7,4 anos (média). Foi avaliado impacto do estrogênio conjugado equino (0,625 mg/dia) sobre o risco de calcificação de artérias coronárias. Nesse estudo, foi observado de forma clara e surpreendente significativa redução (42%, p=0.03) no número de calcificações nas artérias coronárias das usuárias de estrogênios, quando comparadas ao grupo placebo. A média do escore de cálcio da artéria coronária foi menor entre as mulheres que receberam estrogênio (83,1) do que entre aqueles que receberam placebo (123,1).

    Esse estudo enfatizou a importância de compreender outros mecanismos pelos quais os estrogênios inibem a calcificação vascular, como os mediados por vários genes que regulam a homeostasia cálcica nas células vasculares, com destaque para o da osteoprotegerina. Esse estudo também confirmou a "hipótese do tempo" para a terapia com estrogênios, que estabelece que os benefícios na prevenção da aterosclerose ocorrem somente quando ela é iniciada antes do desenvolvimento da aterosclerose avançada, ou seja, em idades mais precoces, quando a parede vascular ainda exibe alterações discretas.

    Apesar de essa pesquisa confirmar a hipótese de que o estrogênio pode reduzir o risco da DCV em mulheres entre 50 a 59 anos de idade, é importante enfatizar que a terapia hormonal não deve ser considerada como uma estratégia para prevenir a DCV. O estrogênio tem efeitos biológicos complexos e podem influenciar o risco de eventos cardiovasculares e de outros resultados através de múltiplas vias. Esse fato deve ser considerado visto que o tratamento inadequado pode trazer consequências ruins para o paciente.

    Talvez, no futuro, a terapia estrogênica possa ser indicada como prevenção para risco cardiovascular num grupo seleto de mulheres: jovens, sem fatores de risco para aterosclerose subclínica, como a resistência insulínica, ou após serem submetidas a algum método de avaliação do grau (estágio) da aterosclerose que a mulher apresente. Mas, como a transferência de conhecimentos da investigação básica para a clínica requer um processo cooperativo e interativo conduzido com paciência e persistência, entendemos que ainda é prudente aguardar os resultados dos estudos em andamento.

    REFERÊNCIAS:

    ALDRIGHI, José M.; RIBEIRO, Alessandra Lorenti. Terapia com estrogênio após a menopausa reduz o risco de calcificação na artéria coronária. Rev. Assoc. Med. Bras.,  São Paulo ,  v. 53, n. 4, p. 284, Aug.  2007 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302007000400002&lng=en&nrm=iso>. access on  24  May  2015.

    DIPPPE JR, Tufi. Escore de cálcio nas artérias coronárias. 2008. Disponível em: < http://portaldocoracao.uol.com.br/exames/escore-de-calcio-nas-arterias-coronarias
    >. Acesso em: 24 mai. 2015

    Manson JE, Allison MA, Rossouw JE, Carr JJ, Langer RD, Hsia J, et al. Estrogen therapy and coronary: artery calcified. N Engl J Med. 2007;356(25):2591-602.

    NETTER, Frank H.. Atlas de Antomia Humana. 4ª ed.. Porto Alegre: Artmed, 2007.

    domingo, 17 de maio de 2015

    Na última postagem, abordamos um pouco sobre a definição geral de Terapia de Reposição Hormonal e suas implicações e consequências. Hoje abordaremos um pouco sobre um assunto mais específico: A relação entre TRH e Osteoporose.

    OSTEOPOROSE

    Dona de uma alta prevalência, a osteoporose vem ganhando mais destaque nas últimas décadas. Essa atenção especial deve-se, em parte, pelo envelhecimento da população, em parte pelo alto custo gerado pelas fraturas. Nos Estados Unidos, a prevalência da osteoporose entre mulheres brancas na faixa dos 50 anos é de 5 a 10%; aos 80 anos, 70% da população feminina é atingida (DOURADOR, 1999).
    Há inúmeros fatores de risco para o desenvolvimento da osteoporose. Pode-se destacar os seguintes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA, 2011):
    ·         Menopausa
    ·         Envelhecimento
    ·         Hereditariedade
    ·         Dieta pobre em cálcio
    ·         Excesso de fumo e álcool
    ·         Imobilização prolongada
    ·         Medicamentos

    OSTEOPOROSE E MENOPAUSA

    http://www.sinaldafenix.com.br/site/wp-content/uploads/2013/11/osteo.jpg


    O pico da massa óssea é atingido após o término do crescimento linear do indivíduo.  Segundo RIGGS e cols. após esse pico, os indivíduos perdem em torno de 0,3% a 0,5% da massa óssea. Contudo, mulheres pós-menopausa aceleram esse mecanismo em torno de 10 vezes.  Este ritmo pode acelerar para 2% a 3% ao ano (LUCASIN JUNIOR & LIMA, 1994).
    Durante a menopausa os ovários estão inativados, o que causa uma liberação mínima ou inexistente de estrogênio. Segundo SHAW & WITZKE o déficit de estrogênio é um importante fator relacionado à osteoporose, assim quanto mais cedo uma mulher chega à menopausa, maior o risco de evoluir para um quadro de osteoporose. Por isso, a osteoporose é mais comum e mais grave nas mulheres, que podem perder até 40%-50% da massa óssea até o final da vida (AIRES, 1991)

    A INFLUÊNCIA DA DEFICIÊNCIA ESTROGÊNICA NO PROCESSO DE REMODELAÇÃO E REPARAÇÃO ÓSSEA

    Existem claras evidências de que a deficiência de estrogênio está relacionada à osteoporose, assim, mulheres que chegam à menopausa ou sofrem ooforectomia, se observa acelerada perda óssea com instalação mais rápida da osteoporose.
    Apesar das interações desse hormônio não estarem esclarecidas, se sabe que seu mecanismo está relacionado à interação receptor e molécula ligante, sendo sua principal ação na remodelação óssea. Pois, o 17-beta-estradiol promove a apoptose de osteoblastos, podendo então prevenir perda óssea excessiva (HUGHES, 1996)
    TURNER et al afirmaram que os estrógenos são importantes na expressão de fatores de crescimento de citocinas pelos osteoblastos ou osteoclastos. E esses mediadores são importantes para o equilíbrio funcional do tecido ósseo.
    De acordo com a literatura tanto o processo de remodelação quanto de reparação são influenciados pelo estrogênio. Mas ainda não se sabe em que fase o estrogênio atua na reparação, se é na fase inicial de formação do calo ósseo, na mineralização ou na remodelação.

    TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL E OSTEOPOROSE

    A principal ação a nível celular é inibir os osteoclastos por causa do aumento dos níveis de osteoprotegerina (OPG). A OPG liga-se ao receptor ativador do NF-kB e impede a diferenciação, atividade e sobrevida dos osteoclastos. Numerosos estudos demonstraram o efeito positivo do estrogênio na melhora da densidade mineral óssea e doses mais baixas apresentam comprovada eficácia com menos efeitos colaterais. Tanto os estudos observacionais como os clínicos demonstraram a capacidade da terapia estrogênica na prevenção de fraturas. Alguns tópicos permanecem em controvérsia, como a terapia prolongada e um seguimento adequado após a descontinuação do tratamento.

    REFERÊNCIAS

    AIRES, M. M. et al. Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1991. 795p.
    Amadei, S. U. et al. A influência da deficiência estrogênica no processo de remodelação e reparação óssea • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 1 • p. 5-12 • fevereiro 2006
    DOURADOR, E. B. Osteoporose senil. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia Metabólica, v 43, pag 446-451. São Paulo, 1999.
    FITZPATRICK, Lorraine A.. Estrogen therapy for postmenopausal osteoporosis. Arq Bras Endocrinol Metab,  São Paulo ,  v. 50, n. 4, p. 705-719, Aug.  2006 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302006000400016&lng=en&nrm=iso>. access on  17  May  2015. 
    HUGHES, D. E. et al. Estrogen promotes apoptosis of murine osteoclasts mediated by TGF-beta. Nat Med, v. 2, n. 10, p. 1132-6, 1996
    LUCASIN Junior, R., LIMA, W.L. Osteoporose: exercício como prevenção e tratamento. Arscvrandi: A Revista da Clínica Médica, p.28-36, 1994.
    Riggs BL, Melton LJ 111 editors. Osteoporosis: Etiology, Diagnosis and Management 2nd ed., Philadelphia: Lippincott-Raven Press; p.524, 1995.
    SHAW, J.M., WITZKE, K.A. Exercise for Skeletal Health and Osteoporosis Prevention. In: ACSM'S RESOURCE. Manual for guidelines for exercise testing and prescription. 3.ed. Baltimore : Willians and Wilkins, 1998. p.288-239.
    SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Osteoporose: cartilha para pacientes. 2011.
    TURNER, R. T.; RIGGS, B. L.; SPELSBERG, T. C. Skeletal effects of estrogen. Endocrine Rev, v. 15, n. 3, p. 275-300, 1994.

    domingo, 10 de maio de 2015

    Introdução

    Com a chegada da menopausa e de todos os sintomas a ela associados, muitas mulheres se sentem desconfortáveis e buscam de alternativas e métodos para aliviá-los. Uma dessas técnicas é a Terapia de Reposição Hormonal, que consiste basicamente em administração de doses de estrogênios, progesteronas e sua associação no controle de manifestações vasomotoras e urogenitais decorrentes do decréscimo de produção de esteroides ovarianos, principalmente estradiol e progesterona. Terapia de reposição estrogênica fica reservada para mulheres histerectomizadas, enquanto a associação de estrogênios e progesteronas é obrigatória em mulheres com útero in situ (WANNMACHER, 2004).

    Ao uso combinado de estrogênios e progesteronas, durante muito tempo, foram atribuídos vários benefícios, como prevenção de doença cardiovascular, osteoporose e declínio cognitivo. Além disso, manutenção da libido, rejuvenescimento de pele, melhora na qualidade de vida e controle da depressão associada à menopausa também foram fatores ligados à terapia de reposição hormonal na menopausa. Entretanto, muitos dos estudos se mostraram sujeitos a vieses de seleção, com desfechos intermediários ou substitutivos, ou apenas levantavam hipóteses (WANNMACHER, 2004).

    Estrogênio e Progesterona

    Todos os estrógenos são compostos derivados do colesterol e possuem como estrutura básica o ciclopentanoperidrofenantreno. Quando atingem as células-alvo, liberam-se das proteínas transportadoras e penetram, por um processo de difusão simples ou facilitada, no citosol, onde se acoplam aos receptores nucleares específicos de alta afinidade. No núcleo, o complexo hormônio-receptor liga-se aos sítios específicos de cromatina estimulando a sínteses de vários mRNAs. Estes se deslocam para o citosol e, nos ribossomos, desencadearão a síntese de várias proteínas específicas, responsáveis pela resposta fisiológica. Os hormônios ovarianos exercem ações sobre a maioria dos tecidos orgânicos: órgãos ou tecidos diretamente relacionados com as funções reprodutoras (estrógeno ou progesterona-dependentes), sistema nervoso central, sistema cardiovascular, hematopoiético e outros não diretamente relacionados com o mecanismo da reprodução (AIRES, 1999).
    Ciclopentanoperidrofenantreno
    Eixo Hipotalâmico-Hipofisário-Gonadal (Fonte: Berne & Levy Fisiologia)

    O controle de secreção de esteroides gonadais é feito principalmente pelo eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, mostrado adiante, envolvendo a secreção de GnRH pelo hipotálamo e de LH e FSH pela hipófise.

    Os hormônios ovarianos regulam o crescimento e a diferenciação das células ciliadas e das células secretoras e da atividade motora dos músculos da tuba uterina. O estrógeno determina o crescimento do endométrio e do miométrio. A progesterona estimula a secreção de de glândulas endometriais, aumentando a embebição do estroma, que fica rico em glicogênio e preparado para receber o blastocisto e formar a placenta. Os estrogênios determinam efeitos intensos sobre o crescimento, diferenciação e composição das células do epitélio vaginal. Os estrógenos ativam a deposição de cálcio e induzem a ossificação precoce das cartilagens epifisárias dos ossos longos, exercem efeitos sobre a composição da parede dos vasos, diminuindo sua permeabilidade por modificações no metabolismo dos mucopolissacarídeos da parede vascular. Os hormônios ovarianos atuam sobre a atividade elétrica de neurônios de várias estruturas cerebrais (área pré-óptica, hipotálamo anterior, área septal e outras). Essas modificações da atividade neural estão associadas às modificações comportamentais do animal e da mulher durante as fases do ciclo reprodutor.

    Menopausa

    Segundo a Organização Mundial de Saúde o climatério é uma fase da vida de uma mulher e não um estado patológico, compreendendo a transição entre o estado reprodutivo e não reprodutivo.
    Já a menopausa é o marco dessa fase, compreende ao momento da última menstruação, ou seja, ao último ciclo menstrual, mas essa fase só é reconhecida por volta de 12 meses depois de sua ocorrência, ocorrendo entre 40 a 50 anos de idade.
    Assim, o climatério é definido como um processo fisiológico e emocional. É preciso compreender essa fase com uma visão dimensional, já que não trata apenas de um processo hormonal, mas abrange uma dimensão psicológica, social e espiritual. Na psicológica está à visualização de sua própria imagem, a social decorre das suas relações com outros indivíduos e a espiritual trata de expectativas futuras e projetos de vida. Todos esses fatores podem se modificar no período do climatério e podem causar o que se denomina de Síndrome Climatérica, que é o conjunto de sinais e sintomas desse período (VALENÇA et al, 2010).

    Sintomas nessa fase incluem alterações da mucosa vaginal, a amenorreia, as cefaleias e os fogachos. Outros sintomas podem ser visualizados na imagem abaixo:

    http://saudenocorpo.com/wp-content/uploads/2014/07/sintomas-da-menopausa.gif


    De acordo com Ministério da Saúde após a menopausa as mulheres dispõem de cerca de 1/3 de suas vidas. Na busca por métodos que garantam que essas mulheres vivam esse período com qualidade, a medicina procura encontra terapias que consigam diminuir os efeitos negativos que o fim do ciclo menstrual traz. 

    Quais os prós e os contras

         - Prós: A terapia de reposição hormonal (TRM) busca controlar sintomas da menopausa, como a sudorese. A partir de 1960 essa reposição começou a ser utilizada e novos estudos concluíam diversos benefícios da terapia, em 1990 chegou-se ao apogeu, em que pesquisas aprontaram que o uso de THM podia prevenir doenças coranianas e demência (PARDINI, 2014)
     
    Entre os benefícios estão:
    • Alívio das ondas de calor: o uso da Terapia Hormonal diminui em 75% a frequência de fogachos (MACLENNAN et al, 2004)
    • Prevenção da osteoporose: a THM dimuni a frequência de fraturas e aumenta a massa óssea, sendo que esse efeito benéfico diminui quando é retirado a THM (PARDINI, 2014)
    • Diminuição da incidência de câncer de cólon: acredita-se que o estrógeno diminui a concentração de ácidos biliares, estes podem está relacionados ao surgimento de tumores malignos. Assim, a THM pode diminuir a incidência desse câncer (ROZENBERG et al, 2013)
    • Diminuição da incidência de Diabetes Mellitus tipo 2: Os efeitos da THM no metabolismo carboidratos podem está relacionados ao aumento da sensibilidade da insulina ou reduzindo o acúmulo de gordura visceral (PARDINI,2014)
    • Prevenção de doenças cardiovasculares: nesse a idade do uso da THM contribui para a prevenção ou não. Sabe-se que mulheres que iniciam a THM após 10 anos de menopausa têm maiores chances de doenças cardiovasculares que em comparação que mulheres que iniciaram a THM antes da menopausa, esse fato é conhecido como janela de oportunidade (LOBO, 2013). 
              - Contras: A reposição hormonal, como toda terapia baseada em drogas, traz, também, malefícios. E às vezes esses malefícios podem deixar sequelas graves, ou mesmo serem fatais. Porém, alguns autores mencionam que hoje ainda é ponto de muitas dúvidas o equilíbrio entre os benefícios e malefícios da terapia de reposição hormonal (Meneghin, 2007).
    •        A administração de estrógeno induz a estímulo do endométrio, aumentando o risco de câncer e hiperplasia endometrial (Pardini, 2014);
    •       A combinação de estrógeno e progesterona aumenta o risco de tromboembolismo (Pardini, 2014);
    •      A associação de estrógeno e progesterona causa, também, um aumento considerável das chances de desenvolvimento de carcinoma de mama (Meneghin, 2007);
    •        Há também a chance de aparecimento de alguns eventos cardiovasculares, a ponto de ser contra indicado o uso da reposição hormonal em pacientes com histórico de infarto do miocárdio, AVC e embolia pulmonar (Meneghin, 2007).

           Referências

    Lobo RA. Where are we 10 years after the Women’s Health Initiative? J Clin Endocrinol Metab. 2013;98:1771-80.
    Maclennan AH, Broadbent JL, Lester S, Moore V. Oral oestrogen and combined oestrogen/progestogen therapy versus placebo for hot flushes. Cochrane Database Syst Rev. 2004;18(4):CD002978.

    MENEGHIN, LA; BORTOLAN, S. Menopausa e terapia de reposição hormonal. São Paulo. 2007
    PARDINI, D. Terapia de reposição hormonal na menopausa. Arq Bras Endocrinol Metab. 2014; 58(2):172-81
    Rozenberg S, Vandromme J, Antoine C. Postmenopausal hormone therapy: risks and benefits. Nat Rev Endocrinol. 2013;9,216-27.
    VALENÇA, Cecília Nogueira; FILHO, José Medeiros do Nascimento; GERMANO, Raimunda
    Medeiros. Mulher no Climatério: reflexões sobre desejo sexual, beleza e feminilidade. Saúde
    Soc. São Paulo. v.19, n.2, pp.273-285. 2010.
    WANNMACHER, Lenita; LUBIANCA, Jaqueline Neves. Terapia de reposição hormonal na menopausa: evidências atuais. Uso racional de medicamentos: temas selecionados. Brasília, v. 1, n. 6, p. 01 - 06 , mai. 2004. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/HSE_URM_TRH_0504.pdf>. Acesso em: 09 mai. 2015.