Na última postagem, abordamos um pouco sobre a definição geral de Terapia de Reposição Hormonal e suas implicações e consequências. Hoje abordaremos um pouco sobre um assunto mais específico: A relação entre TRH e Osteoporose.
OSTEOPOROSE
Dona de uma alta
prevalência, a osteoporose vem ganhando mais destaque nas últimas décadas. Essa
atenção especial deve-se, em parte, pelo envelhecimento da população, em parte
pelo alto custo gerado pelas fraturas. Nos Estados Unidos, a prevalência da
osteoporose entre mulheres brancas na faixa dos 50 anos é de 5 a 10%; aos 80
anos, 70% da população feminina é atingida (DOURADOR, 1999).
Há inúmeros fatores de
risco para o desenvolvimento da osteoporose. Pode-se destacar os seguintes
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA, 2011):
·
Menopausa
·
Envelhecimento
·
Hereditariedade
·
Dieta
pobre em cálcio
·
Excesso
de fumo e álcool
·
Imobilização
prolongada
·
Medicamentos
OSTEOPOROSE
E MENOPAUSA
http://www.sinaldafenix.com.br/site/wp-content/uploads/2013/11/osteo.jpg
|
O
pico da massa óssea é atingido após o término do crescimento linear do indivíduo. Segundo RIGGS e cols. após esse pico, os
indivíduos perdem em torno de 0,3% a 0,5% da massa óssea. Contudo, mulheres
pós-menopausa aceleram esse mecanismo em torno de 10 vezes. Este ritmo pode acelerar para 2% a 3% ao ano
(LUCASIN JUNIOR & LIMA, 1994).
Durante a menopausa os ovários estão
inativados, o que causa uma liberação mínima ou inexistente de estrogênio.
Segundo SHAW & WITZKE o déficit de estrogênio é um importante fator
relacionado à osteoporose, assim quanto mais cedo uma mulher chega à menopausa,
maior o risco de evoluir para um quadro de osteoporose. Por isso, a osteoporose
é mais comum e mais grave nas mulheres, que podem perder até 40%-50% da massa
óssea até o final da vida (AIRES, 1991)
A
INFLUÊNCIA DA DEFICIÊNCIA ESTROGÊNICA NO PROCESSO DE REMODELAÇÃO E REPARAÇÃO
ÓSSEA
Existem claras evidências de que a deficiência
de estrogênio está relacionada à osteoporose, assim, mulheres que chegam à
menopausa ou sofrem ooforectomia, se observa acelerada perda óssea com
instalação mais rápida da osteoporose.
Apesar das interações desse hormônio não
estarem esclarecidas, se sabe que seu mecanismo está relacionado à interação
receptor e molécula ligante, sendo sua principal ação na remodelação óssea.
Pois, o 17-beta-estradiol promove a apoptose de osteoblastos, podendo então prevenir
perda óssea excessiva (HUGHES, 1996)
TURNER et
al afirmaram que os estrógenos são importantes na expressão de fatores de
crescimento de citocinas pelos osteoblastos ou osteoclastos. E esses mediadores
são importantes para o equilíbrio funcional do tecido ósseo.
De acordo com a literatura tanto o processo
de remodelação quanto de reparação são influenciados pelo estrogênio. Mas ainda
não se sabe em que fase o estrogênio atua na reparação, se é na fase inicial de
formação do calo ósseo, na mineralização ou na remodelação.
TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL E OSTEOPOROSE
A principal ação a nível celular é inibir os osteoclastos por causa do aumento dos níveis de osteoprotegerina (OPG). A OPG liga-se ao receptor ativador do NF-kB e impede a diferenciação, atividade e sobrevida dos osteoclastos. Numerosos estudos demonstraram o efeito positivo do estrogênio na melhora da densidade mineral óssea e doses mais baixas apresentam comprovada eficácia com menos efeitos colaterais. Tanto os estudos observacionais como os clínicos demonstraram a capacidade da terapia estrogênica na prevenção de fraturas. Alguns tópicos permanecem em controvérsia, como a terapia prolongada e um seguimento adequado após a descontinuação do tratamento.
REFERÊNCIAS
AIRES, M. M. et
al. Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1991. 795p.
Amadei, S. U. et al. A influência da deficiência estrogênica no
processo de remodelação e reparação óssea • J Bras Patol Med Lab • v.
42 • n. 1 • p. 5-12 • fevereiro 2006
DOURADOR, E. B. Osteoporose senil. Arquivo Brasileiro de
Endocrinologia Metabólica, v 43, pag 446-451. São Paulo, 1999.
FITZPATRICK, Lorraine A.. Estrogen therapy
for postmenopausal osteoporosis. Arq Bras Endocrinol Metab, São
Paulo , v. 50, n. 4, p. 705-719, Aug. 2006 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302006000400016&lng=en&nrm=iso>.
access on 17 May 2015.
HUGHES, D. E.
et al. Estrogen promotes apoptosis of murine osteoclasts mediated by
TGF-beta. Nat Med, v. 2, n. 10, p. 1132-6, 1996
LUCASIN Junior, R., LIMA, W.L. Osteoporose: exercício como
prevenção e tratamento. Arscvrandi: A Revista da Clínica Médica,
p.28-36, 1994.
Riggs BL,
Melton LJ 111 editors. Osteoporosis: Etiology, Diagnosis and Management 2nd
ed., Philadelphia: Lippincott-Raven Press; p.524, 1995.
SHAW, J.M.,
WITZKE, K.A. Exercise for Skeletal Health and Osteoporosis Prevention. In: ACSM'S
RESOURCE. Manual for guidelines for exercise testing and prescription. 3.ed.
Baltimore : Willians and Wilkins, 1998. p.288-239.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Osteoporose: cartilha para
pacientes. 2011.
TURNER, R. T.;
RIGGS, B. L.; SPELSBERG, T. C. Skeletal effects of estrogen. Endocrine Rev, v. 15,
n. 3, p. 275-300, 1994.