domingo, 17 de maio de 2015

Na última postagem, abordamos um pouco sobre a definição geral de Terapia de Reposição Hormonal e suas implicações e consequências. Hoje abordaremos um pouco sobre um assunto mais específico: A relação entre TRH e Osteoporose.

OSTEOPOROSE

Dona de uma alta prevalência, a osteoporose vem ganhando mais destaque nas últimas décadas. Essa atenção especial deve-se, em parte, pelo envelhecimento da população, em parte pelo alto custo gerado pelas fraturas. Nos Estados Unidos, a prevalência da osteoporose entre mulheres brancas na faixa dos 50 anos é de 5 a 10%; aos 80 anos, 70% da população feminina é atingida (DOURADOR, 1999).
Há inúmeros fatores de risco para o desenvolvimento da osteoporose. Pode-se destacar os seguintes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA, 2011):
·         Menopausa
·         Envelhecimento
·         Hereditariedade
·         Dieta pobre em cálcio
·         Excesso de fumo e álcool
·         Imobilização prolongada
·         Medicamentos

OSTEOPOROSE E MENOPAUSA

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O pico da massa óssea é atingido após o término do crescimento linear do indivíduo.  Segundo RIGGS e cols. após esse pico, os indivíduos perdem em torno de 0,3% a 0,5% da massa óssea. Contudo, mulheres pós-menopausa aceleram esse mecanismo em torno de 10 vezes.  Este ritmo pode acelerar para 2% a 3% ao ano (LUCASIN JUNIOR & LIMA, 1994).
Durante a menopausa os ovários estão inativados, o que causa uma liberação mínima ou inexistente de estrogênio. Segundo SHAW & WITZKE o déficit de estrogênio é um importante fator relacionado à osteoporose, assim quanto mais cedo uma mulher chega à menopausa, maior o risco de evoluir para um quadro de osteoporose. Por isso, a osteoporose é mais comum e mais grave nas mulheres, que podem perder até 40%-50% da massa óssea até o final da vida (AIRES, 1991)

A INFLUÊNCIA DA DEFICIÊNCIA ESTROGÊNICA NO PROCESSO DE REMODELAÇÃO E REPARAÇÃO ÓSSEA

Existem claras evidências de que a deficiência de estrogênio está relacionada à osteoporose, assim, mulheres que chegam à menopausa ou sofrem ooforectomia, se observa acelerada perda óssea com instalação mais rápida da osteoporose.
Apesar das interações desse hormônio não estarem esclarecidas, se sabe que seu mecanismo está relacionado à interação receptor e molécula ligante, sendo sua principal ação na remodelação óssea. Pois, o 17-beta-estradiol promove a apoptose de osteoblastos, podendo então prevenir perda óssea excessiva (HUGHES, 1996)
TURNER et al afirmaram que os estrógenos são importantes na expressão de fatores de crescimento de citocinas pelos osteoblastos ou osteoclastos. E esses mediadores são importantes para o equilíbrio funcional do tecido ósseo.
De acordo com a literatura tanto o processo de remodelação quanto de reparação são influenciados pelo estrogênio. Mas ainda não se sabe em que fase o estrogênio atua na reparação, se é na fase inicial de formação do calo ósseo, na mineralização ou na remodelação.

TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL E OSTEOPOROSE

A principal ação a nível celular é inibir os osteoclastos por causa do aumento dos níveis de osteoprotegerina (OPG). A OPG liga-se ao receptor ativador do NF-kB e impede a diferenciação, atividade e sobrevida dos osteoclastos. Numerosos estudos demonstraram o efeito positivo do estrogênio na melhora da densidade mineral óssea e doses mais baixas apresentam comprovada eficácia com menos efeitos colaterais. Tanto os estudos observacionais como os clínicos demonstraram a capacidade da terapia estrogênica na prevenção de fraturas. Alguns tópicos permanecem em controvérsia, como a terapia prolongada e um seguimento adequado após a descontinuação do tratamento.

REFERÊNCIAS

AIRES, M. M. et al. Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1991. 795p.
Amadei, S. U. et al. A influência da deficiência estrogênica no processo de remodelação e reparação óssea • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 1 • p. 5-12 • fevereiro 2006
DOURADOR, E. B. Osteoporose senil. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia Metabólica, v 43, pag 446-451. São Paulo, 1999.
FITZPATRICK, Lorraine A.. Estrogen therapy for postmenopausal osteoporosis. Arq Bras Endocrinol Metab,  São Paulo ,  v. 50, n. 4, p. 705-719, Aug.  2006 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302006000400016&lng=en&nrm=iso>. access on  17  May  2015. 
HUGHES, D. E. et al. Estrogen promotes apoptosis of murine osteoclasts mediated by TGF-beta. Nat Med, v. 2, n. 10, p. 1132-6, 1996
LUCASIN Junior, R., LIMA, W.L. Osteoporose: exercício como prevenção e tratamento. Arscvrandi: A Revista da Clínica Médica, p.28-36, 1994.
Riggs BL, Melton LJ 111 editors. Osteoporosis: Etiology, Diagnosis and Management 2nd ed., Philadelphia: Lippincott-Raven Press; p.524, 1995.
SHAW, J.M., WITZKE, K.A. Exercise for Skeletal Health and Osteoporosis Prevention. In: ACSM'S RESOURCE. Manual for guidelines for exercise testing and prescription. 3.ed. Baltimore : Willians and Wilkins, 1998. p.288-239.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Osteoporose: cartilha para pacientes. 2011.
TURNER, R. T.; RIGGS, B. L.; SPELSBERG, T. C. Skeletal effects of estrogen. Endocrine Rev, v. 15, n. 3, p. 275-300, 1994.

6 comentários:

  1. Aprofundando a relação citada entre menopausa e osteoporose, é importante decorrer sobre alguns tratamentos da osteoporose pós-menopausa, como pela suplementação nutricional de cálcio e pelo uso de vitamina D. O cálcio é substrato essencial para formação da massa óssea e faz-se presente em toda as fases da curva ontogênica de desenvolvimento do esqueleto. Deve ser utilizado sempre que se trata um paciente com osteoporose, seja qual for o tratamento instituído. Já a vitamina D facilita absorção intestinal de cálcio, devendo-se apenas individualizar preparações e doses consideradas não apenas de suplementação mas farmacológicas da vitamina. Estudos com 62 mulheres na pós-menopausa, utilizando por três anos vitamina D e placebo, observaram que no grupo placebo, com 33 mulheres, 32 apresentaram fraturas vertebrais, enquanto que no grupo em uso da vitamina D apenas 15 em 29 pacientes apresentaram essas fraturas. Já outros estudos concluíram que o cálcio isolado não previne as fraturas, permanecendo, portanto, no seu papel de importante nutriente e coadjuvante no tratamento da osteoporose pós-menopausa.

    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27302001000400013&script=sci_arttext

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  2. Com relação à osteoporose e a pós-menopausa, é interessante se adicionar ainda o fator câncer de mama em relação às pesquisas incluindo esses dois fatores. Em pesquisa, percebeu-se que havia maior prevalência de anormalidades nos ossos de pacientes com câncer de mama na pós-menopausa do que nas que não possuíam câncer. Como resultado disso, deve-se levar em consideração na terapia contra o câncer fatores que minimizem o aparecimento da osteoporose nessas pacientes, através de uma vigilância constante e adoção de intervenções que reduzam essa perda óssea em função do tratamento contra o câncer. Um exemplo é o uso do inibidor da aromatase na terapia contra o câncer de mama, onde encontraram-se evidências de que seu uso causa um aumento na osteoporose dessas pacientes em tratamento.

    Fonte: Postmenopausal osteoporosis, breast cancer, and aromatase inhibitor, disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302013000300004&lang=pt

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  3. A terapia de reposição hormonal, apesar dos benefícios que propicia para a manutenção da saúde e conseqüentemente da qualidade de vida das mulheres, deve ser utilizada com cuidado, pois em algumas pode acarretar riscos, um dos mais importantes é o aumento na incidência de casos de câncer de mama e tromboembolismo. É recomendada para prevenção da osteoporose, pois possui a capacidade de aumentar a massa óssea como demonstrado por vários estudos. Os estrogênios atuam direta e indiretamente no osso. A maneira direta de atuação é via receptores, e a indireta é mediada por citocinas e fatores locais de crescimento. Existem diferenças fundamentais entre os padrões da perda óssea que ocorre com o envelhecimento e a conseqüente deficiência hormonal pós-menopausa. A perda óssea decorrente da menopausa é caracteristicamente associada à excessiva atividade dos osteoclastos, enquanto a perda óssea associada ao envelhecimento é mais relacionada à diminuição no número de osteoblastos.

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  4. Quanto à classificação do tipo de osteoporose e aprimorando o comentário anterior é interessante explicar que na osteoporose idiopática do tipo 1, que é a decorrente da menopausa geralmente atinge o osso trabecular e é associada a fraturas das vértebras e do rádio distal. A osteoporose idiopática do tipo 2, que é a relacionada ao envelhecimento, além da diminuição do número de osteoblastos, está relacionada também com a deficiência crônica de cálcio e aumento da atividade do paratormônio. Existe ainda a osteoporose não-idiopática ou secundária, decorrente de processos inflamatórios ou desordens adrenais, como o uso de corticoides. Quanto aos fatores de riscos ambientais para o desenvolvimento da osteoporose expostos na postagem, é interessante destacar também alguns fatores de riscos individuais, como a história de casos de osteoporose na família, mulher branca, presença de escoliose, indivíduos magros, tipo constitucional pequeno e aparecimento prematuro de cabelos brancos. Quanto ao tratamento, além da reposição hormonal de estrogênio, pode-se administrar moduladores seletivos dos receptores de estrógeno, como o tamoxifeno e o raloxifeno, que produzem agonismo estrogênico em alvos desejados, como ossos e fígado e antagonismo (ou agonismo mínimo) nas mamas e útero. O tamoxifeno apresenta cerca de 70% da ação do estrógeno, em termos do aumento da massa óssea. Um estudo multicêntrico com mulheres pós-menopausa mostrou que o raloxifeno pode diminuir a incidência de fraturas da coluna, mas não diminui a incidência de fraturas de quadril.
    Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-78522001000200007

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  6. Devido ao aumento na expectativa de vida das populações, a osteoporose é atualmente reconhecida como importante questão em termos de saúde pública. Afeta indivíduos de maior idade, sobretudo mulheres na pós-menopausa. Uma mulher de 50 anos apresenta um risco de fratura osteoporótica durante a vida de 17,5% para o colo do fêmur, 15,6% para as vertebras, 16% para o rádio distal, e de aproximadamente 40% em qualquer outro local do esqueleto. Importante destacar que microfraturas ocultas são comuns em mulheres na pós-menopausa e indicam um aumento no risco de três a cinco vezes de fraturas osteoporóticas. A presença de uma fratura vertebral significa um risco de 20% a mais para ocorrência de nova fratura. A osteoporose se desenvolve como decorrência de uma desordem do processo de remodelação óssea. O esqueleto adulto é composto de osso cortical (compacto) e trabecular (esponjoso), e é continuamente reparado e reformado por um processo denominado remodelação óssea. Este processo é essencial para a manutenção da integridade do esqueleto. O osso cortical é denso e representa 85% do tecido ósseo total; predomina no esqueleto apendicular, com uma distribuição concêntrica em volta de canais centrais que contêm o sistema harvesiano, formado por vasos sangüíneos, linfáticos, nervos e tecido conjuntivo. O osso trabecular, apesar de representar somente 15% do esqueleto adulto, é relativamente proeminente na extremidade distai dos ossos longos, e na parte interna dos ossos chatos. É composto de trabéculas que se conectam entrepostas por medula óssea. Na coluna vertebral, aproximadamente 65% do tecido ósseo são do tipo trabecular.

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